Debate sobre avaliação de itinerários formativos no Enem
Os itinerários formativos previstos na Política Nacional do Ensino Médio estão em discussão em relação à sua avaliação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo Rubens Lacerda, diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, o Enem não seria o ambiente ideal para avaliar esses itinerários, pois isso poderia limitar a flexibilidade do currículo.
Lacerda argumenta que o Enem é um exame padronizado, o que dificulta a adaptação aos itinerários formativos. Ele sugere que as escolas, redes municipais e estaduais realizem suas próprias avaliações formativas em relação a essa parte do novo ensino médio, garantindo assim a flexibilidade proposta para o currículo.
Os itinerários formativos permitem que os estudantes aprofundem seus conhecimentos em áreas específicas, como matemáticas e ciências humanas. Atualmente, as escolas têm autonomia para escolher quais itinerários oferecerão aos alunos.
Diante desse cenário, Pedro Flexa Ribeiro, representante do Fórum Brasileiro da Educação Particular, propõe a inclusão de um segundo bloco de questões no Enem relacionadas às áreas de atuação profissional dos alunos, semelhante ao modelo de alguns vestibulares, como o da Unicamp. Essa sugestão visa proporcionar uma abordagem mais alinhada ao projeto de vida do aluno, considerando sua orientação profissional.
Jade Beatriz, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), destaca a importância de destinar mais horas do ensino médio para disciplinas básicas e cursos técnicos. Ela ressalta a necessidade de preparar os jovens para cursos subsequentes, qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho.
Contudo, Jade Beatriz critica a falta de conexão dos itinerários formativos com a realidade do país, destacando que atualmente eles não estão alinhados com as necessidades do mercado e acabam prejudicando a formação básica dos estudantes.
Projeto de reforma do ensino médio em debate
O projeto de lei que prevê uma nova reforma do ensino médio foi aprovado pela Câmara dos Deputados em março e está em avaliação pela Comissão de Educação do Senado. A proposta estabelece uma carga horária de 2,4 mil horas para a formação geral básica, somando os três anos do ensino médio, e 1.800 horas para a formação técnica, de forma escalonada.
Os itinerários formativos terão uma carga mínima de 600 horas e serão compostos pelo aprofundamento nas áreas de conhecimento, com ênfases em linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas, e formação técnica e profissional.
Essa proposta representa uma alternativa do governo à reforma do ensino médio estabelecida em 2017, que previa 1,8 mil horas para a formação básica e 1,2 mil horas para os itinerários formativos.
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